quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Argentina X Alemanha

A derrota da Argentina na final da Copa foi mais difícil para mim do que a derrota que o Brasil sofreu da Alemanha. É claro que não se pode dizer que aquele gol do Götze, quase ao final do segundo tempo da prorrogação, tenha sido um lance de sorte, pois o futebol que a Alemanha mostrou nessa Copa foi um senhor futebol. Acontece que a Argentina fez um belíssimo jogo. Merecia ganhar. Se ganhasse, ninguém poderia dizer que foi por acaso. Poderia ganhar, porque revelou estatura de time campeão e proporcionou, ombro a ombro com a Alemanha, um tremendo espetáculo de bola. Houve lances em que a vitória ficou muito próxima dos argentinos. Para mim, é inegável que nosso vizinho equilibrou a partida. Houve momentos em que dominou mesmo. Mas, enfim, a Alemanha não perdeu a oportunidade que surgiu naquela hora em que tudo indicava que a vitória chegaria da disputa por pênaltis. Veio um cruzamento de esquerda e esse foi o minuto de ouro não desperdiçado, o momento bem aproveitado. O verso filosófico – ou a filosofia poética – de Horácio posto em prática, “colhe o dia”. Dessa vez, a bola entrou. Poderia não ter entrado. Oportunidades melhores apareceram antes e nem assim a bola havia entrado. Klose, aos 35 do segundo tempo, tinha chutado de frente para o gol e a bola não havia entrado. Dessa vez, com Götze no lugar de Klose, a brazuca encontrou o caminho. Foi dramático. A bola ainda foi parar no pé de Lionel Messi para a última cobrança de falta. Subiu demais... Nem sei se subiu, o fato é que não entrou. Resultado, a Argentina perdeu. Perdeu, sim, mas não fracassou. Podem até dizer que as duas palavras são sinônimas, mas, para mim, são diferentes em modo e em intensidade. Com licença dos entendidos, tanto no idioma quanto no futebol, explico a diferença. Perder é uma possibilidade entre duas, numa disputa justa entre bons adversários. Fracassar é carregar o peso da entrega. A Argentina não se entregou, apenas perdeu para o time de melhor preparo técnico, como todos dizem. Essa é a grande lição que a Argentina dá no dia de hoje, lutar bravamente pela vitória. Não foi fácil para a Alemanha bater o time de Messi. A matemática do placar não diz outra coisa. Foi por um gol, um, nada mais. A outra bela lição é da Alemanha, claro. Os alemães não exibiram o futebol de “um” craque, mas o futebol de uma verdadeira equipe. De minha parte, fiquei triste com a derrota da Argentina. Queria que a taça não cruzasse o Atlântico, queria que ficasse desse lado do planeta. Ninguém manda no coração do torcedor...

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