quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


2012 + 1
Beatriz Vargas Ramos

O título que Leonardo Sciascia escolheu para contar a história do julgamento da condessa Maria Tiepolo é “1912 + 1”. É um jeito de se referir ao número 13 sem ter que escrevê-lo ou pronunciá-lo diretamente, uma forma de driblar o destino e esconjurar a má sorte. Contrariando as piores previsões dos supersticiosos do início do século XX, 1913 não foi o pior ano, ou pelo menos não foi o pior ano para muitos – é só lembrar que a Primeira Guerra Mundial ficou para o ano seguinte...
Recortei alguns fatos entre os muitos acontecimentos, públicos ou privados, que me chamam a atenção em 1913. Aí vão.
Em 1913, morre o pai de Picasso e nasce Vinícius de Morais. No México, Francisco Madero é executado e Victoriano Huerta assume o poder. Hitler se muda para Munique e Al Capone é expulso da escola. Diego Rivera expõe em Paris e em Varre-Sai é criada a paróquia São Sebatião. Enquanto o Parque Saavedra é inaugurado em Buenos Aires, Portugal começa a formar sua primeira esquadrilha com o submarino Espadarte. Freud escreve uma daquelas famosas cartas para Jung e Curitiba ganha sua linha de bondes elétricos. Nasce Rubem Braga, Kafka se encontra com Martin Buber e inaugura-se, no Rio, o bondinho do Pão-de-Açúcar. A fronteira entre Brasil e Uruguai é modificada no Arroio São Miguel.
1913 é também o ano em que nasce a mulher que iria se casar com Érico Veríssimo. Osvaldo Cruz toma posse na Academia Brasileira de Letras e o Flamengo vence o Mangueira por 11 x 0 (não sou flamenguista, não gosto de futebol, apenas me impressionei com o placar, coisa rara no futebol, principalmente no futebol de hoje em dia).
É criado o Distrito de Nova Beluno em Urussanga, futura Siderópolis, em Santa Catarina; Grécia e Sérvia declaram guerra à Bulgária; os socialistas italianos elegem 78 deputados ao Parlamento do Reino. No Vale da Morte, EUA, registra-se a temperatura de 56.6º C.
Venceslau Braz lança sua candidatura à Presidência da República e na Venezuela morre Eduardo López Rivas. Nascem Menachem Begin, em Brest-Litovsk, e Richard Nixon, em Yorba Linda. Nascem Klaus Barbie, na Alemanha, e Vivien Leigh, na Índia. Oscar Niemeyer já tinha nascido...
Ano de erupção vulcânica no México e de terremoto na Nicarágua, em 1913, Einstein ainda não havia se mudado para Berlim, minha avó Filhinha completaria 8 anos de idade e Gandhi seria preso na África do Sul. Nasce também Albert Camus e Heitor Villa-Lobos se casa com Lucília Guimarães. É descoberto um novo cometa e criada uma orquestra de jazz na Colômbia. Rui Barbosa retira sua candidatura à Presidência da República.
Cem anos se passaram, sortes e azares marcaram o tempo que contamos entre lá e cá. Escrever 2013 ou “2012 + 1” é uma questão de “ponto de vista”, afinal, 2013 é 5674 no calendário hebreu, 1291 no calendário persa, 1332 no islâmico, 4611 no calendário chinês e sei lá o que mais...
Por isso, seja lá qual for o ano em que você estiver, seja ele novo ou não, seja você ou não um supersticioso, quero lhe desejar, como disse um amigo muito querido, boas risadas no período!
Afinal, tem coisa melhor que uma risada gostosa, safada, livre, sonora, turbulenta, espalhafatosa, descontrolada? Daquelas que chegam a dar até dor de barriga e água nos olhos, daquelas que você deixa ecoar sem culpa e sem favor.
Gargalhar é coisa que todo mundo pode fazer. Em dó, ré, mi, fá ou sol – depende do naipe de cada um. Qualquer risada vale à pena. Pode ser gritada, miada, esganiçada, ganida... Ou pode ser profunda, grave, gutural. Pode ser afinada ou desafinada, ritmada, percutida, temperada ou destemperada, soprano, contralto, barítono, estilo papai Noel (com os lábios em "O"), Fafá de Belém (escandalosa mesmo!) ou Glorinha Kalil (risadinha básica), tanto faz. Uma boa risada pode ser denteada ou banguela, seca ou molhada, longa ou curta. Não custa dinheiro, não gera imposto e não faz mal à saúde, aliás, ao contrário. Uma advertência importante: certifique-se da hora e do lugar certos para liberar sua gargalhada. No mais, evite gargalhar de boca cheia, porque a risada precisa de espaço.
Enfim, uma boa risada é sinal de que tudo vai bem – ou, mais importante ainda, é sinal de que tudo pode melhorar. Além do mais, é altamente contagiante. Rir, sobretudo de si mesmo, é sinal de saúde, índice de prazer, sintoma de bem-estar e antídoto contra a “carrancudice” – com licença da palavra esquisita...
Assim sendo, um ano gargalhante pra vocês! Ou, no melhor estilo facebook, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

2 comentários:

  1. Então ontem, ao final, contrariando o que se poderia esperadar, foi um ótimo dia. Pelo menos risadas não faltaram...

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  2. Sim, é verdade, Anna Claudia, foi um ótimo dia. Eu me diverti muito e adorei a conversa com vocês. Há muito tempo que eu não dava tanta risada.

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