– Solidão –
(Para o Carlos, ontem, hoje e amanhã)
Eu, você, nós dois...
Jamais fomos juntos a Paris.
Você me faz falta o tempo todo,
Quando me deito, quando me levanto,
Quando vou buscar o pão.
Nunca mais eu e você fomos juntos à padaria,
Mas ainda parto e reparto, companheiro,
Cum panis, o nosso pão.
Não tenho mais suas mãos plantando meu dia.
Ah! Suas mãos, como são lindas as suas mãos...
Sozinha, caminho pelas ruas, mesmas ruas,
Pelas quadras, superquadras,
Sem caminho, sem superação.
Minha estrada era você.
Odeio as flores, as flores vivem!
- “Restos da terra que nos viu passar unidos” -
Disse o poeta à sua amada.
Eu também vivo,
Ainda vivo o meu vazio,
Vida que é nada...
Ontem, senti seu cheiro,
Meio dormindo, meio acordada...
O travesseiro ao meu lado, amassado,
Mas você não estava lá.
Maldita consciência!
Tempo cruel que não tem fim.
Pudera a demência me consolar.
Fale comigo, meu querido,
Assim, baixinho, ao pé do ouvido...
Preciso saber se você veio no meio da noite
Com dó de mim,
Ou se foi a saudade que fez presença
Da tua ausência
E por um instante eu fui feliz.
Sem você não há mais o amanhã,
Só o passado, o que já foi,
Só o que fiz e o que não fiz.
Au revoir, adeus, Paris!
Nenhum comentário:
Postar um comentário