Eu vivo no Século XXI e nele vou morrer.
Muitos anos já se passaram do “tempo que sobre a terra me foi concedido”
E não me inscrevi em lugar nenhum... nada plantei, nada semeei.
A finitude me atormenta: não assistirei à pane da “grande máquina”.
Meu País já participa de “um, vírgula alguma coisa por cento”
do comércio mundial e, pelos cálculos de especialistas,
chegará ao nível socioeconômico dos países ditos desenvolvidos.
Em 350 anos.
Os especialistas não disseram que mundo vai sobrar para consumo
dos atuais excluídos do mercado tecnológico.
O planeta não aguenta mais 350 anos de Halliburton...
Não haverá mais ar condicionado em 350 anos.
Em 350 anos não haverá monstruosas geleiras na Patagônia.
Leio jornal.
Pela TV eu vi a guerra gringa devastar o Iraque,
- A guerra é sem fim... –
Sou cidadã espectadora.
A globalização não me trouxe felicidade.
Faço análise e tenho depressão
- com quem será que meu analista faz análise? –
Estou envelhecendo.
A velhice nos torna invisíveis e sem dentes,
a memória falha.
Refaço todas as manhãs o mesmo caminho,
Repito todos os dias a mesma tarefa de Sísifo.
Mas ainda tenho alguns poucos e insignificantes prazeres,
como cuspir em frente à Embaixada dos Estados Unidos.
Sinto saudades da velha árvore onde minha infância dormia.
Aqui em Dili, quando passo na frente da embaixada americana, australiana ou indonésia, faço o seguinte: cuspo e rogo praga. Um beijo e feliz natal pra você.
ResponderExcluirVocê não está envelhecendo simplesmente, querida amiga. Está compartilhando um olhar só seu (e de muitos, ao mesmo tempo). O blog está lindo. Beijos.
ResponderExcluirCirilo, por que é que quando você fala fica tão interessante o nosso gesto banal? Uma das melhores coisas que me aconteceram neste ano que já está prestes a terminar foi me conectar com você. Um grande beijo pra você também, para a bela Alice, para a Dodora querida e, claro, feliz natal.
ResponderExcluirCarolina, Carol, Carolzinha, queridíssima,
ResponderExcluirvocê sempre tem a palavra certa e amiga. Que bom que você gosta da sombra da mangueira...
Beijo pra você também.
Beatriz, esse ano de 2010 foi pra mim um ano de conquistas inimagináveis. Uma delas, certamente, é o nosso contato. Obrigado pelos seus textos e pela sua sabedoria compartilhada.
ResponderExcluirEu e a (bela) Alice temos plano firme de ir a Brasília ver você e o Marcos, assim que retornarmos (falando nessa figura, ele é também um amigo que temos para sempre e que nos faz muita falta).
Feliz natal pra você e sua família.
Obs: quem sabe a Dodora não vai junto para Brasília? Vamos ver...
Cirilo, eu é que sou agradecida a você pela acolhida calorosa durante parte desse ano de reencontros (o Marcos foi, para mim, outro reencontro rico de afeto e de sensibilidade). Obrigada pela amizade, pela partilha de sentimentos e de momentos de sua vida e de seu pensamento. Sou feliz por fazer parte desse vasto e maravilhoso universo de amigos que você possui. Obrigada à Dodora pela atenção, pelo carinho, pelas palavras sempre generosas. Sou fã incondicional de vocês. Não vejo a hora de virem a Brasília, para que eu possa conhecer de perto a bela Alice, rever você e sua mãe (seria fantástico se a Dodora viesse!) e realizar um dos gestos humanos mais fortes e expressivos de toda boa amizade: sapecar um grande a demorado abraço em vocês três!
ResponderExcluirQuanto aos textos, não há sabedoria nenhuma, só uma tremenda coragem para retirar algumas palavras da sombra da minha vergonha e uma profunda vontade (egoística, em seu nascedouro) de encontrar sentido na vida. Sem vocês, meus amigos, tudo não passaria de um imenso vazio.
Aqui vai, de todo modo, meu abraço virtual. O Zé Roberto e João Carlos também agradecem e retribuem os votos de feliz natal. Tudo de bom!
Beatriz